Quase 7 meses após os primeiros indícios do maior desastre ambiental do litoral do país, a origem e a causa das manchas ainda são um mistério.
No post de hoje contamos sobre as manchas de óleo que apareceram no litoral brasileiro no ano passado e como está o caso atualmente...
No final de agosto de 2019 o litoral brasileiro foi atingido por uma mancha de óleo de 200 quilômetros de extensão, vista inicialmente na Paraíba, nas praias de Tambaba e Gramame, no município de Conde.
Em poucas semanas esta mancha se espalhou para mais de 3 mil quilômetros do litoral brasileiro atingindo os municípios dos Estados do Nordeste, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
A quantidade total de óleo é desconhecida, segundo a Marinha, mais de 4.500 toneladas já foram retiradas das praias.
Atualmente, dos mais de 1.000 pontos identificados pelo Ibama com registro de poluição, 60% já estão limpos e os demais ainda tem vestígios de contaminação. Diversos locais foram limpos pela mobilização de voluntários.
Diante da maior tragédia por derramamento de petróleo da história do litoral do país, além do enorme prejuízo para o meio ambiente, este desastre ambiental também afetou a saúde da população local e a economia com base no turismo das praias.
Ainda não se sabe quanto tempo demora para limpar todo o óleo. A limpeza total das manchas visíveis, nas praias e nos mangues em áreas de difícil acesso pode demorar anos.
Porém a remoção das micropartículas e do óleo dissolvido "invisível" que as pessoas podem ingerir, inalar ou ter contato direto, é a forma mais tóxica potencialmente carcinogênicas e mutagênicas, que causa prejuízos à saúde da população local afetada, e não terão reparação.
As investigações estão sendo conduzidas pela Polícia Federal com o auxílio da Marinha Brasileira. Segundo o almirante Ilques Barbosa Júnior, comandante da Marinha do Brasil, em entrevista à Joven Pan em 09-Mar-2020, não há prazo para conclusão das investigações
A origem do óleo ainda é desconhecida. Segundo o Ibama, o petróleo cru foi extraído na Venezuela.
Pesquisadores da Coppe e UFRJ através do estudo do movimento das correntes marítimas da região indicaram que o ponto de origem do petróleo teria ocorrido em uma região entre 600 km e 700 km da costa, entre os estados de Sergipe e Alagoas.
A partir dessa área inicial, a Marinha chegou a um número de navios 30 suspeitos, porém ainda não há provas.
O navio-tanque de bandeira grega pertencente a empresa Delta Tankers, é considerado o principal suspeito, a partir do cruzamento de dados sobre o posicionamento da embarcação na data estimada do vazamento.
A Delta Tankers, disse que uma busca completa em material nas câmeras e sensores de todas as suas embarcações não revelou evidências de que o navio “tenha parado para fazer qualquer tipo de operação entre dois navios, vazado óleo, desacelerado e desviado do seu curso, na passagem da Venezuela para Melaka, na Malásia”.
Caso os responsáveis pelo vazamento sejam confirmados, a Lei de Crimes Ambientais prevê responsabilização civil e criminal.
O dono da embarcação de onde saiu o petróleo e o capitão do navio poderão ser punidos criminalmente. Todas as empresas e até países envolvidos na operação, como a companhia que receberia a mercadoria e o país que vendeu o produto, podem ser processados e obrigados a pagar indenizações pelos danos econômicos e ambientais provocados.
O caso virou notícia em todos os jornais do país e até do mundo. No entanto, nos dias atuais esta tragédia caiu no esquecimento.
Sem conhecimento da origem e das causas, não se sabe se derramamento de óleo foi criminoso ou acidental.
Em vez de colocar ações em prática para identificar e punir os responsáveis e, especialmente, conter o maior desastre ambiental em oceanos do país, o governo segue sugerindo teorias infundadas.
O Governo Federal demorou para agir, o Brasil não tem um plano de emergência para esse tipo de situação. Não há transparência, nenhum dos laudos técnicos em relação à origem do óleo foi divulgado. Também não há detalhamento sobre os recursos empregados para combater essa tragédia
O Brasil deve buscar indenização civil para cobrir todos os danos econômicos e ambientais, de curto e longo prazo, provocados pelo vazamento.
E no âmbito criminal, será preciso identificar se houve dolo ou culpa, ou seja, se as pessoas envolvidas tiveram a intenção de cometer aquele crime ou assumiram o risco de que esses danos ocorressem.
Diante da extensão deste desastre é imprescindível que o Governo Federal seja efetivo em suas ações para evitar que este tipo de "acidente" ou "incidente" se repita.