Peixe-leão são peixes marinhos venenosos originais dos Oceanos Índico, Pacífico e Mar Vermelho que vivem próximos à recifes de corais, podem viver por até 15 anos e pesar até 200g e chegar a medir 30cm de comprimento. Eles são conhecidos pelos seus enormes espinhos dorsais e pela coloração listrada, de cores vermelha, marrom, laranja, amarela, preta ou branca. Seus 18 espinhos (13 espinhos dorsais, 2 pélvicos e 3 anais) estão carregados de um veneno capaz de causar dores, náusea e até convulsões em seres humanos. Abrangem 12 espécies, sendo o peixe-leão-vermelho o mais venenoso. Em caso de acidente, o veneno é termossensível, ou seja, vulnerável ao calor, recomenda-se colocar o ferimento em água quente (43-45 °C) por 30 a 40 minutos ou até a dor diminuir.
Durante o dia preferem se abrigar em cavernas ou fendas, sendo animais de hábitos noturnos. Alimentam-se de pequenos peixes e crustáceos. São ovíparos e a desova acontece à noite. Os peixes-leões são predadores vorazes. Quando estão caçando, encurralam as presas com seus espinhos e, num movimento muito rápido, engolem-nas.
Este peixe tem uma capacidade extraordinária de adaptação, conseguindo sobreviver a diversas profundidas, temperaturas, salinidade e atingem a maturidade sexual muito rápido, em menos de 1 ano. Em seu habitat natural, ele é controlado pela cadeia alimentar, onde é presa de espécies de garoupas e até por tubarões. Porém, devido a uma acidental introdução, podem agora ser vistos no Atlântico Oeste, Golfo do México, Mar do Caribe e Mediterrâneo. Esta espécie invasora não é notada pela demais espécies nativas como risco e os ignoram. Dessa maneira, os peixes-leão vem se reproduzindo rapidamente e sem controle. Uma fêmea pode colocar até 2 milhões de ovos por ano. Isso vem causando um desequilíbrio nos ecossistemas marinho destas regiões. Os animais que ele come não têm o instinto de se protegerem dele. Por outro lado, peixes maiores, que poderiam se alimentar dele, como tubarões e garoupas, não o veem como parte do cardápio. É uma peça fora da cadeia alimentar, que vem reduzindo as espécies nativas como pequenos peixes, camarões, caranguejos, lagostas e outros. Um único peixe-leão é capaz de devorar aproximadamente 80% de todos os organismos vivos de uma área de recifes de coral com cerca de 10.000 m². Apesar de ser peixe bem peculiar, quem não conhece muito de peixes acaba confundindo com um peixe coió, espécie muito comum na costa brasileira.
Peixe-Leão
Peixe-Coió
Acredita-se que com a passagem do Furacão Andrews na Flórida e o rompimento de uma loja de aquarismo, iniciou a invasão nos EUA e Caribe. Onde chegam se tornam facilmente uma praga porque não são reconhecidos como presas pelos peixes que poderiam se alimentar deles e ficam livres para comerem seus “pratos” preferidos, que não os reconhece como predadores, como os caranguejos, lagostas e outros peixes pequenos.
Cientistas estão preocupados com a destruição que esta espécie de apetite voraz pode causar. Esses animais são um dos maiores invasores das águas dos Estados Unidos e têm causado um desequilíbrio ecológico grande no Oceano Atlântico, (costa leste dos EUA), até o Golfo do México. Países do Caribe também sofrem com esta invasão e estão agindo para tentar contê-la.
Em Agosto de 2018, um mergulhador brasileiro avistou um peixe-leão no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos e gravou um vídeo amador, feito com celular, em que registra a presença do animal. Uma cópia da gravação foi entregue pela empresa responsável pelo controle e monitoramento da visitação do parque no Arquipélago de Abrolhos à equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pesquisadores autorizados que estavam em atividade no local.
Além disso, um peixe-leão foi capturado no litoral de Arraial do Cabo, Rio de Janeiro, em 2014. De acordo com pesquisadores, este indivíduo tinha ligação genética com os invasores do Caribe e isso significa que ele pode percorrer longas distâncias. Mais tarde em 2015, mais dois exemplares de peixe-leão foram capturados em Arraial do Cabo. Desde de então, foi dado um alerta inicial de uma invasão que promete acontecer na costa brasileira. De vez em quando surgem relatos não comprovados de aparições. Outro problema é que mergulhadores iniciante ou não muito observadores geralmente reportam o avistamento de peixes-leão, mas na verdade são peixes-coió.
Em alguns países, o abate do peixe-leão já é permitido, alguns são até abatidos e oferecidos a tubarões e moreias em um tentaiva de ensinarem eles a se alimentar desta espécie (presenciamos isso em San Andres, Colômbia). Mas em outros lugares, a solução para combater o invasor é levá-lo para o prato! Em Bonaire, por exemplo, alguns restaurantes preparam o peixe que você capturou nos seus mergulhos durante o dia. Apesar de seus espinhos serem venenosos, a carne não é. A carne do peixe-leão é branca, sutil, e gostosa. É um peixe muito nutritivo e com boa dose de ômega 3. Bora comer peixe-leão e ainda salvar nossos ecossistemas, lembrando que esta espécie de peixe não é um problema nos Oceanos Índico, Pacífico e Mar Vermelho.
Peixe-leão com camarão
Peixe-leão com legumes
Peixe-leão Havaiano