A Vaquita é o menor cetáceo do planeta (parente das baleias, golfinhos, toninhas e botos). Chegando a medir 1,5m e pesar 45Kg, a espécie endêmica do extremo Noroeste do Mar de Cortez em Baja California, México, é hoje o mamífero mais ameaçado de extinção no mundo, após a extinção do Baiji em 2006. Postamos no nosso Instagram em Março de 2017 que existiam apenas 30 vaquitas no mundo. E, as estimativas dizem que estará extinta em 2022 se nada for feito.
O decréscimo populacional é devido principalmente às capturas acidentais da pesca ilegal com redes de emalhar para camarões, crustáceos e, principalmente, totoaba (um peixe da família da corvina igualmente endêmico do Golfo da Califórnia que também está criticamente ameaçado devido a pesca abusiva). Nos últimos 20 anos, a população de vaquitas decresceu tanto, que a maioria dos pescadores nunca viu uma vaquita, então eles acreditam que elas não existem, que são mitos ou fantasmas. Isso é cômodo de acreditar em uma população pobre a qual todas as gerações viveram de pesca e as tentativas de preservação que vamos falar abaixo está prejudicando o negócio da pesca, muitos ficaram sem trabalho e as indenizações do governo não é suficiente, pois os pescadores estão endividados com o cartel do totoaba, devido a compra financiada de equipamentos de pesca. O cartel é liderado pela família de Oscar Parra, que vendem ilegalmente totoabas para a China. A bexiga natatória do totoaba é uma mercadoria valiosa, pois é considerada uma iguaria na cozinha chinesa, por ser erroneamente considerada por muitos chineses um remédio natural para tratamento de problemas de fertilidade, dermatológicos e circulatório. Cada bexiga natatória do totoaba pode ser vendida por 5 mil dólares (chegando até 100 mil doláres no mercado negro), por isso foi apelidada de cocaína do mar.
São várias as iniciativas para tentar salvar a Vaquita da extinção. O governo Mexicano investiu dezenas de milhões, proibiu parcialmente rede de emalhar e várias organizações ambientais vem trabalhando como Greenpeace, Defenders of Wild Life e, principalmente a Elephant Action League e a Sea Shepeherd (que fez uma parceria com a Marinha Mexicana em um esforço conjunto para remover redes ilegais, liberar a vida selvagem presa, obter evidências visuais de caça furtiva na área e realizar contatos com comunidades locais e biólogos marinhos.). Até Leonardo DiCaprio se engajou na causa em seu twitter, instagram e sua organização Leonardo DiCaprio Foundation.
Além disso, criou-se um programa de proteção e reprodução em cativeiro chamado Vaquita CPR (Conservação, Proteção e Recuperação), mas foi suspensa após a morte de uma vaquita. Sua capacidade de sobreviver e se reproduzir em cativeiro é incerta. Em dezembro de 2017, o México, os Estados Unidos e a China concordaram em adotar medidas adicionais para impedir o comércio de bexigas de totoabas. Os esforços de recuperação foram considerados muito lentos e inadequados, com grandes quantidades de caça furtiva ainda acontecendo e a vista grossa de autoridades de fiscalização em portos. A Sea Shepherd (Operation Milagro) e a Elephant Action League (Operation Fake Gold) aparentemente são as únicas organizações que têm uma presença constante no monitoramento da população. Eles vão continuar a luta, continuar a puxar redes de totoabas e livrar animais capturados e a enfrentar os pescadores revoltados com isso. O documentário Perseguição em alto mar: Espécies em risco que está passando na National Geographic Brazil retrata bem a luta dessas organizações.
O desaparecimento da vaquita pode levar a uma potencial superpopulação de suas presas, como peixes bentônicos, lulas e crustáceos.
As Vaquitas vivem exclusivamente no extremo Noroeste do Mar de Cortez em Baja Califórnia, México, onde Jacques Cousteau chamou de Aquário do Mundo, devido a grande biodiversidade da região que abrigava mais de 850 espécies marinhas. Se a vaquita vier a extinção, o que será do Aquário do Mundo sem elas ? Se não salvarmos a Vaquita, vamos perder o Mar de Cortez, perderemos o Aquário do Planeta.
Imaginem a única e última Vaquita no mundo, procurando e chamando por outras e seu chamado nunca respondido…
Não podemos continuar matando o planeta por causa da atividade humana. A esperança em salvar a vaquita vai continuar apesar dos muitos riscos e com isso, esperamos ter sucesso. Isso não é só pela vaquita, mas por todos animais do Golfo da Califórnia. Porque não há final feliz sem tentarmos. Se não conseguirmos salvar a vaquita no Golfo da Califórnia, a apenas 5 horas de carro de Los Angeles, no século 21, perto de todo dinheiro, poder e tecnologia diante dos nossos olhos, então acabou, é o início do fim, será o símbolo de como estamos destruindo nosso planeta. É o começo da extinção de muitos outros animais. Mas se conseguirmos salvar a vaquita, então, talvez, saibamos como salvar o resto do nosso planeta.